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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Apresentações não tão cordiais.

Conto dos Desilusórios

I

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Apresentações não tão cordiais.

Quinze anos, quinto ano, sangue-puro, Sonserina, metamorfa. Históricos de notas altas e de

travessuras e rebeldias também. Descendente

de uma família tradicional da

sonserina, conhecida pelos feitos e destaques na casa e no Ministério da Magia. Sem paciência, intolerante, arrogante e na maioria das vezes sarcástica.

“Acabe com isso antes que acabe com você.” ─ Ela sempre diz.



Quatorze anos, quarto ano, mestiço, grifinória. Seria quase um anônimo

se não fosse a sua aptidão por encontrar encrenca a cada final de semana. Não tão a

lto, tinha cabelos bagunçados e castanhos. Era magricela e até muito pálido. Tinha certo destaque pra Feitiços e um grande interesse por Bruxos conhecidos por seus feitos históricos. Grande admirador de Godric Gryffindor. Eterno atrapalhado.

“Eu não procuro encrenca. Ninguém me conhecia até eu explodir o armário de poções. Foi um acidente, eu juro.” Uma de suas desculpas a sua diretora.

[...]

As férias haviam acabado! Hora de voltar ao fantástico mundo de Hogwarts. A animação contagiava os alunos desde o seu dedão do pé até o último fio do cabelo. Mas será que era a mesma coisa para todo mundo?

A locomotiva esperava todos na estação 9 ¾ lançando fumaça pelos seus escapes. Era incrível seu tamanho e mais incrível ainda era ver os parentes e guardiões legais levando seus filhos para mais um ano letivo que iria se iniciar. Um casal de meia-idade atravessara uma das colunas para a plataforma junto com um garoto magricela de cabelos esvoaçados. O garoto puxava o malão e apressava o passo porque a locomotiva já estava para partir.


── Não se esqueça de escrever! ── Gritou a mãe.

── Pode deixar! Até mais! ── Despediu-se Peter quando entrara em um dos vagões.


O garoto andava pelo corredor, movimentado por sinal, procurando por algum vagão vazio ou com algum conhecido pelo menos. Quando se dera conta achara um aonde encontrava-se duas gêmeas idênticas loiras e um garoto de aparência mais jovem ruivo com óculos maiores do que o necessário para o seu rosto. Peter abriu a porta em um empurrão e entrou se jogando no acento ao lado do ruivo.


── Uau, achei que não ia encontrar nenhum vagão pra eu ir. ── Falou Peter.

── Eu também dei sorte. Quando cheguei Frida e Gisa já estavam aqui. ── Hugo ajeitou os óculos e fechou o livro que lia outrora repousando sobre seu colo.

── “Filosofias dos Centauros. Rebeldes ou sensatos?” ── Peter lera o título do livro de Hugo e erguera uma sobrancelha. ── Você ta de brincadeira, né?

── Não, ué.

── Hugo leu isso desde que nos encontramos no ponto de ônibus em Londres. ── Frida se manifestou.

── Ele não abriu uma vez a boca. Ah não, abriu sim, e foi pra falar sobre sua futura exploração da Floresta Proibida. ── Gisa acompanhara sua irmã.

── Mas todo mundo sabe que ele não explora nem as próprias ceroulas. ── Complementou a outra gêmea rindo junto com sua irmã.

── Centauros são criaturas muito incompreendidas! A prova viva disto são vocês duas. E pra informação de vocês, ano passado eu entrei duas vezes na Floresta!

── Sem esquecer, é claro, que foi um trote da Sonserina que te amarrou em um tronco e te deixou por lá. Aí você foi solto por um centauro e desde então está com essa obsessão. ── Acrescentou Peter revirando os olhos.


O tempo passava. A viagem ia ficando cada vez mais curta aparentemente. Estar com os amigos, se divertir com eles era algo que com certeza ia contra as leis do tempo. Mais uma vez ali, naquele trem, estavam reunidos e talvez nem se lembrassem mais da primeira vez em que se reuniram e encheram o vagão de doces e conversaram sobre como iria ser os anos que estudariam em Hogwarts e quantas aventuras viveriam.

Em um momento, uma senhora de face muito gentil aparecera oferecendo-lhe doces. E as gêmeas ficaram por pagar a conta daquela viagem. Como sempre, encheram-se de doces e continuaram a conversar.


── Mamãe disse que os animais comuns são muito fáceis deu perder. Disse que não tenho muita responsabilidade. Então esse ano além do bichano, ela me comprou isto. Não é uma gracinha?


Hugo retirara do bolso de seu casaco algo que se assemelhava com uma bola peluda cor-caramelo. Peter não entendera de imediato o que era aquilo e só foi entender que se tratava de um pufoso quando duas esferas negras se abriram e uma língua saiu de dentro do amontoado de pêlo percorrendo toda a cabine. As garotas deram um grito e subiram em cima do banco. Histérica, Frida gritou:


── Recolha já esse... Esse... Essa coisa!

── Deixa de ser exagerada, ele só está com fome! ── Retrucou Hugo.

── Não me importa! Recolhe!

── Eu vou dar jeito nisso em um minuto ─ Gisa sacara a varinha ─ Esse bixo vai virar pantufas em dois tempos!


Um tranco e aporta se abrira interrompendo toda o movimento. Por ela uma garota alta e aparentemente mais velha que todos ali entrou. Ela vestia longas vestes da grifinória e tinha um cabelo ruivo extremamente bonito que se cortava em uma franja reta sobre a testa e descia até abaixo dos ombros em seu comprimento. Também estava com um cordão dourado com um pingente da Grifinória e um “M” dourado sobre o brasão.


── Oi. Vim avisar pra vocês se prepararem e se trocarem. Chegamos em quinze minutos. Er... Tá acontecendo alguma coisa?

A monitora-chefe da Grifinória olhara meio espantada para as gêmeas sobre o banco e uma delas com a varinha em punho.

── Hugo ganhou um pufoso. E a Frida e Gisa têm certa aversão por eles. ─ Disse Peter.

── De qualquer forma... Arrumem-se. E Peter, tenta não explodir nada dessa vez. A grifinória está se empenhando ao máximo esse ano na Copa das Casas. ── Respondeu Anabella.


A Monitora ruiva sorriu amarela ao garoto e então acenou a todos quando girou nos calcanhares e saiu do vagão a passos medianos. Peter por um momento ficara depressivo. Recolheu-se em seus ombros e olhou para a janela por um instante. Após os quinze minutos ditos, todos estavam prontos. A locomotiva havia parado na estação de Trem em Hogsmeade e a multidão de alunos com vestes pretas descia do transporte. Uma quantidade considerável se deslocara e seguira um meio-gigante barbudo com uma luminária quando este gritava:


── Primeiroanistas comigo! Primeiroanistas comigo! Não se percam, primeiroanistas comigo! ── Gritava Hagrid engolindo um pouco da sua própria barba crespa quando fechava a boca.


Peter, vestindo seu uniforme da Grifinória, descera com Hugo e as gêmeas Frida e Gisa. O garoto já sabia como funcionava as coisas em Hogwarts: novatos com Hagrid, aonde iam fazer a travessia pelo Lago Negro em barquinhos. Segundo ano para cima nas carruagens puxadas por Testrálios. Criaturas essas que ninguém enxergava. Ninguém que não tivesse visto a morte. O quarteto de amigos subira em uma das carruagens vazias. E nisso constataram um grupo de alunos com as vestes similares ─ com exceção das cores verdes e do brasão com uma serpente ─ passar andando para arranjar uma carruagem vaga.

O Grifinório neste instante se deparara que no meio de todos os Sonserinos havia uma garota que assim que batera o olho não conseguira mudar sua visão a não ser para ela. Era linda. Usava meia-calça preta abaixo da saia cinza do seu uniforme comum de Sonserina. Carregava em uma mão uma pasta preta e andava em passos transpirando uma aura totalmente prepotente. E não precisava ser sensitivista pra saber disto, era só olhar para ela. Ela tinha cabelos loiros com algumas mechas mais escuras e ao parecer não era algo que ela tivesse tido a preocupação de ter arrumado. Seus olhos não passavam expressão nenhuma além da seriedade, eles eram contornados por uma maquiagem pesada preta. Ela tinha uma bela boca delineada e o maxilar belamente fino. O rosto mais simétrico que Peter Punsy jamais havia visto.

Um tranco, uma “freada”. Foi o necessário pra acordar o Grifinório que se dera conta que já havia chegado aos portões de Hogwarts, já que até chegar lá estivera perdido nos seus pensamentos e seus amigos não se deram o trabalho de despertá-lo.


── Olhem, acho que um dos monitores da Sonserina mudou.


Hugo apontara para a garota loira que Peter havia antes olhado. Ela estava junto a um rapaz alto e de aparência irlandesa. Ela estava o auxiliando a cuidar de alguns alunos ainda meio perdidos para a entrada dos portões. Assim como ele, tinha o mesmo “M” sobre o brasão da Sonserina, mas ao invés de ser um pingente era pendurado no lugar aonde era bordado o brasão comum da sonserina.


── Não acredito que isso possa ser tão difícil assim. Ou que eles sejam tão estúpidos que não conseguem enxergar esses portões. ── Bufou a loira.

── Eu sei. Mas é o trabalho, temos que fazer. ── Falou o grandalhão que a acompanhava.

── Tsc, era pra eu ter recusado esse trabalho de monitora. Estou vendo que vai ser só aborrecimento.


A loira continuou o trabalho e assim como os outros monitores, quando todos entraram ela também entrou. Passando por uma inspeção com um zelador e uma confirmação com um duende na entrada.

Na medida em que o tempo passava os alunos iam entrando e se acomodando nas mesas respectivas a sua casa. Peter havia se separado dos seus amigos; Hugo fora se juntar à mesa da Lufa-lufa e as gemas à Corvinal. Mas o grifinório não ficara isolado, assim que fora até a mesa cumprimentara Nick-Quase-Sem-Cabeça e logo encontrou um amigo negro com cabelos crespos e moldados em tranças.

Após a seleção do Chapéu, uma apresentação do coral estudantil e um grande discurso de Minerva McGonagall com todas colocações de regras e boas vindas aos alunos, o banquete de abertura fora servido e Peter e Thomas, o seu amigo, serviam-se.


── Todo ano é isso. Todo ano a professora McGonagall fala algo em relação a época do Você-Sabe-Quem e como foi difícil passar por tudo. Como se todo mundo tivesse interessado em ouvir coisas que aconteceram há trinta anos atrás! ── Disse Thomas furando um pedaço de frango com o garfo.

── Ah qual é, você não se interessa pelo famoso Harry Potter? Ou pela chamada Ordem da Fênix?

── Isso são coisas que todo mundo sabe! Temos até feriado em comemoração a tudo isso aí. Pra que ficar tocando no assunto. O sei lá o que das quantas ta morto, virou pó!


A conversa demorou até o fim do banquete, quando eles se retiraram para subir às comunais seguindo seus monitores. Peter cruzou com Hugo e acenou para seu amigo antes de tomar um rumo diferente. Contudo, um aglomerado de alunos se encontrava perto da Galeria de Armaduras. Todos eles com uma expressão de espanto no rosto que olhava fixo para cima. É claro que a Grifinória se deslocou em peso para lá e com ela Peter e Thomas. Acabou que as gêmeas Hoffman, da Corvinal, e Hugo se encontraram com os grifinórios. A frente de todos eles Anabella, a loira da Sonserina junto com seu parceiro monitor, que separavam os alunos os afastando e tentando dispersá-los. Uma chinesa monitora da Corvinal gritava com sua voz aguda e irritante ameaçando azarar todos os alunos se aquilo continuasse daquele jeito e uma jovem gorda monitora da Lufa-lufa pedia gentilmente pra se afastarem, e obviamente era totalmente ignorada.

Pra onde todos olhavam estava escrito em uma coloração escarlate fechada e um cheiro de sangue impregnava o local mensagens ameaçadoras: “ A pausa para os mestiços em Hogwarts acabou. O reinado do sangue azul voltará. ”


── O reinado do sangue azul voltará? O que ele quer dizer com isso?

Thomas perguntara ao grupo reunido enquanto tentava analisar tudo em mínimos detalhes.

── Soberania dos sangues-puros. Quem escreveu isso tem um sério problema com mestiços. ── Respondeu Frida.

── Abram espaço para os professores, eu disse abram espaço para os professores!


Com a varinha apontada para a garganta, Anabella falara em um tom que poderia ser ouvido até no outro andar. Um aperfeiçoamento do feitiço sonorus muito bem utilizado. Uma carreira que representava o corpo docente liderada por Minerva McGonagall vinha caminhando apressado para averiguar o caso. Atrás deles um garoto que vestia longas vestes da Corvinal também se propusera a chegar rápido ao local. Ele tinha uma expressão séria e severa e tinha cabelos negros com um volume em forma de “topete” em sua modelagem. Algumas garotas soltaram grunhidos estranhos quando este passara por elas e estranhamente um corredor se abrira para ele também passar. As únicas que pareciam não interessar tanto pelo garoto era Anabella, da grifinória, e a loira monitora da sonserina antes dita: Helena Finkler.

O garoto era apresentado como Monitor-chefe. E ele andara até próximo da parede aonde retirara sua varinha da própria capa. Com um toque sobre o líquido que cheirava a sangue, este escorreu pela parede assumindo uma forma incolor e sumindo aos poucos o odor.


── Transfiguração, professora McGonagall. Um pouco mal feita, devo dizer.


Edward informou à diretora, que, aliás, era especialista no caso. Guardou a varinha e sussurrou informações no ouvido de Anabella e depois na Chinesa Gong Li, monitora da corvinal. Logo após o ordenado, os professores se retiraram e ordenaram os alunos irem para suas comunais. Com eles, os monitores foram. Menos Helena que ficara a olhar toda aquela água no chão com uma face um tanto intrigante. Peter se escondera atrás de uma pilastra somente observando a garota. Ele achou que ela podia estar achando graça da situação e talvez estivesse envolvida. Mas o fato é que de qualquer forma ela parecia ter se divertido com tudo aquilo. Sem mover um dedo, o cabelo loiro dela encurtou até a altura do ombro e tomou um corte repicado. Mas sua face e o tom do cabelo continuaram o mesmo. Ela passou a mão sobre ele como se estivesse verificando se estava bom.


─ Metamorfomagia. ── Anunciara Peter ao sair de trás da pilastra.


Tendo sua concentração quebrada e sendo descoberta, Helena virou seu olhar de uma vez só ao grifinório e ao constatar o seu uniforme, e sem deixar de olhar para a aparência do garoto, o ignorou. Deu-lhe as costas e iniciou seus passos até outro corredor.


── Uma monitora não pode ter nenhum envolvimento com isso, pode?


Mais uma vez a voz de Peter se propagou e desta vez fora o suficiente para despertar a atenção da loira que parara e olhou por cima do ombro.


── Espero que tenha o bom senso de tirar isso da sua cabeça. ── Alfinetou Helena.

── Foi apenas um comentá...

── Eu não ligo. Apenas tenha bom senso. Passar bem.


Helena interrompera Peter e virou-se para frente novamente. Rapidamente cruzou uma esquina formada por dois corredores e saíra das proximidades de Peter. Mas ainda sim o barulho do seu salto ecoava pelos locais daquele andar. Peter não teve outra escolha a não ser se retirar também. Mas desta vez com um sentimento de fato estranho.